sexta-feira, 12 de outubro de 2018

DE OLHO NA LÍNGUA - Prof. Antônio da Costa (Do Jornal Correio da Semana - Sobral-CE - sábado - 13.10.18)

Por falar em mesada: o alface é que está caro, não?
Acho diferente: acho que é a alface que está cara. Confesso não conhecer nenhuma verdura digestível que atenda pelo nome de “o alface”. Eis, como disse, todavia, uma jornalista pela televisão, recentemente, quando pretendia nos aconselhar de alguma forma: ‘Se o alface está caro, vamos substituir o alface por outra verdura mais barata. Vamos substituir, sim. Por “a alface”, por exemplo.

Massivo existe?
Não existe. Em Português o correto é “maciço”.

Mega / Megassena / Mega-sena
Radical grego que corresponde a muito grande. Não se deve vulgarizar o uso, com a intenção de dar ideia de grandiosidade. Como toda expressão adjetiva, deve ser usada com muita parcimônia, principalmente em textos jornalísticos. Liga-se, sem hífen, ao segundo elemento da palavra: megaempresário, megacomputador, megarregião, megahertz, megaindústria.

E o caso de mega-sena? Devemos saber que gramaticalmente a grafia correta é megassena. A grafia mega-sena é marca registrada (que, pelo Acordo, deve ser respeitada); é o nome de fantasia. No mesmo caso está a palavra maisena (forma gramaticalmente correta). A forma maizena (com “z”) é marca comercial (devemos respeitar a grafia comercial). Para concursos, vestibulares, exames use a grafia oficial.

Madagáscar / Madagascar?
A forma clássica é “Madagáscar”, paroxítona, com acento em “gás”. A forma Madagascar é popular (com sílaba forte em “car”).

Lustro / Lustre
Lustro significa período de cinco anos. Lustre significa brilho, polimento, lampadário.

Junto a
“Junto a” significa próximo ou contíguo: Ele caminha junto (próximo) ao muro. Ou, ainda: Ela mora (contíguo) à igreja. Usa-se, também, em linguagem diplomática: Ele era adido militar à Embaixada Brasileira na Bolívia. Ou, ainda: O novo embaixador do Paraguai junto ao Brasil apresentou credenciais.

Lei (ou pena) de talião
Pena antiga, prevista no Código de Hamurabi, pela qual se vingava o delito aplicado ao delinquente o mesmo dano ou mal que ele praticara. A palavra “talião” não é nome próprio e se escreve, portanto, com inicial minúscula. A expressão origina-se da “lex talionis” dos romanos, de onde se originam o verbo retaliar e o substantivo retaliação. Será que deveria voltar essa lei, caro leitor?

Árabe / Muçulmano
Não se deve confundir árabe com muçulmano. O primeiro é um conceito étnico e o segundo, religioso. Há árabes que não são muçulmanos, como há muçulmanos que não são árabes. Os persas, por exemplo, são muçulmanos, mas não são árabes. Já os maronitas (originários do Líbano) são árabes cristãos.

Cair “pela” metade
Modismo que pega regência incorreta do verbo cair e torna a expressão sem sentido. Diga-se: Cair para a metade.

Nada
Antes de verbo, dispensa outra negativa: Nada lhe foi dito. Quando vem depois do verbo, “nada” exige outra negativa: Ela não exigiu nada. Ou, ainda: Ele prefere não fazer nada.

Ciclo vicioso
Ciclo vicioso não existe. O que existe é círculo vicioso. E isto existe com abundância.





(*) Graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). É, também, funcionário do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sobral (CE). Contatos: (88) 3611-4695 // (88) 99762-2542.



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