A Unicef defende que crianças
não tenham acesso a armas e que estejam o mais longe possível delas.
Questionada pela reportagem sobre declarações do candidato Jair Bolsonaro (PSL) sobre o porte de armas e suas
sugestões de que pais precisam ensinar menores a atirar, a porta-voz da
instituição, Marixie Mercado, deixou claro numa coletiva de imprensa que a
Unicef não ve tais ideias com bons olhos.
“Defendemos manter crianças o
mais distante possível de armas", declarou Marixie Mercado, na manhã
desta sexta-feira, 19, em Genebra. Segundo ela, um eventual acesso seria
um risco tanto para as próprias crianças como para as pessoas ao seu redor.
Em diferentes momentos na
campanha eleitoral, o candidato à Presidência pelo PSL, deputado federal Jair
Bolsonaro (RJ), comentou a relação com armas. De acordo com ele, seus filhos
foram ensinados a atirar com arma de fogo, com munição, desde a idade de cinco
anos. Ele ainda complementou, afirmando que “encoraja, sim” tal conduta por
parte dos pais. “Não podemos mais ter uma geração de covardes, de
ovelhas”, disse.
Num
dos eventos de campanha, em Araçatuba (SP), Bolsonaro foi flagrado ensinando
uma criança a fazer um gesto de “arma” com a mão em um ato público de campanha.
A um garoto que estava em seus braços com a farda infantil da Polícia Militar,
o presidenciável disse:
“Você sabe atirar? Você sabe dar tiro? Atira. Policial
tem que atirar”.
“A
arma é inerente à sua vida e à liberdade do País. Meus filhos todos atiraram
com cinco anos de idade. (Uma arma) Real, não é de ficção nem de
espoleta não”, declarou. Esta não foi a única vez que Bolsonaro foi flagrado
ensinando uma criança a fazer um gesto de “pistola” com a mão. No dia 20 de
julho, quando cumpria agenda de campanha em Goiânia, ele foi fotografado
orientando uma menina a fazer o mesmo gesto.
De
acordo com a Convenção dos Direitos das Crianças, de 1989, é estabelecido pelos
governos que a educação dada por cada estado aos menores os deve “preparar para
uma vida responsável em uma sociedade livre, no espírito da compreensão, paz,
tolerância, igualdade entre sexos, amizade entre povos, etnias, nacionalidades,
grupos religiosos e pessoas de origem indígena”.
A
mesma convenção aponta para a necessidade de se manter menores longe dos
impactos da violência, conflitos armados ou hostilidades. Num Protocolo
Opcional, aprovado em 2000, a ONU ainda aponta que governos tem o dever de
proteger menores de hostilidades. (Estadão)
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