Preocupação
x Ocupação
A regra de ouro
para se resolver qualquer problema não reside apenas em preocupar-se com o que
dele pode desencadear. É, preciso, antes de tudo, ocupar-se na realização de
tarefas que conduzam diretamente à solução. E a principal delas é dar à
população educação, saúde, trabalho, segurança e lazer, o que é de inteira
responsabilidade dos governos. Quando isso não ocorre, o mal passa a ditar as
normas e daí vem a corrupção, a disseminação das drogas, a violência, a
criminalidade e tudo o que é ruim e destruidor.
Nos últimos anos o
povo brasileiro tem-se preocupado em demasia, a ponto de até adoecer, com a
crescente onda de violência que não mais respeita local, hora e nem a força
repressora. Preocupadas, também, estão as autoridades sérias e cônscias do seu
papel, uma vez que é evidente a impotência dos órgãos responsável por combater
o mal.
Se, antes, apenas ao
tomar conhecimento do terror promovido pelos malfeitores no Rio de Janeiro, São
Paulo e em outras grandes metrópoles já assustava, hoje situação idêntica
apavora quem mora em cidades pequenas e até em zona rural. E o quadro piora
quando entra em ação o sensacionalismo de alguns jornalistas e repórteres que
buscam mais audiência dando maior ênfase à má notícia.
Os ataques, que
vem sendo promovidos por facções em todo o Ceará há quase dez dias, chama a
atenção do Brasil e do mundo. No início, em 02 de janeiro, as ações criminosas
se limitavam a delegacias, bancos, pontes, veículos e prédios públicos, hoje se
estendem a empresas, indústrias particulares, creches, emissoras de rádio e
veículos particulares, entre outros. A onda de violência escancara o grave problema
por que passa o sistema prisional brasileiro, cuja população carcerária é a
terceira do mundo.
O fato
é que, além acenar para a fragilidade ou falência dos órgãos de segurança
pública, a situação está se transformando num grave problema de saúde pública,
numa epidemia silenciosa. Comprova-se isso com o grande número de crianças,
adultos e idosos aterrorizados, tendendo a ficarem reclusos atrás de suas
grades caseiras, que também já não oferecem tanta segurança. Enfim,
transformando-se em presas fáceis de uma depressão ou algo pior.
Infelizmente
combater a violência no Brasil tem sido uma luta muito desigual. De um lado, a
bandidagem se ocupando cada vez mais em aprimorar as técnicas do crime, em
inventar mais estratégias de fuga e em munir-se com os mais modernos
armamentos. Além disso, muitas vezes recebendo ajuda e/ou acobertamento de
pessoas influentes e poderosos da política, da indústria, do comércio, das
polícias e até da justiça.
Do outro lado,
policiais em número reduzido, carentes de mais formação, de melhor remuneração
e com equipamentos de defesa e combate (armas, veículos, etc.) muito aquém dos
utilizados pelos malfeitores. Ressalte-se, também, a presença nociva de
elementos que, ao invés de atuar em favor da corporação e da sociedade, atuam
contra os interesses da sociedade, enodoando a própria categoria.
Some-se a isso
legislação defasada, imensa preocupação de autoridades e sociedade em apenas
encarcerar elementos. Não obstante isso, observa-se que continua tímida a
preocupação em criar equipamentos que possibilitem infratores retornar ao
convívio normal na sociedade. Por incrível que pareça, existem locais do país em
que o bandido exerce, às vezes, o papel do governo e até da polícia.
Ocupar os locais onde os bandidos se instalam e assim fazem é o que se
pode fazer de imediato. Agora, com isso não
se resolve de vez o problema, uma vez que a bandidagem apenas muda de endereço.
Mas é óbvio que a solução eficaz e definitiva exige muita inteligência,
planejamento, estratégias, investimentos e tempo, já que são diversas e muito profundas
as causas da violência. O pecado da maioria das cidades brasileiras é não
realizar esse trabalho proativo, não ter cuidado do problema no início, enquanto
está pequeno. Sem dúvida, seria a forma mais indicada para se tentar eliminar
de vez ou, pelo menos, minimizar o caótico quadro de insegurança que assola o
país.
Insisto:
Descentralizar as polícias, depois de aumentado seu contingente; qualificar e
remunerar melhor seus integrantes; OCUPAR os pontos mais críticos com policiais
permanentemente, a ponto de intimidar e obrigar os meliantes a desistir e
encorajar a população a denunciar.
Essas ações
poderiam até ter evitado a situação quase irreversível em que se encontram
algumas cidades brasileiras. Compete agora aos municípios ainda não dominados
pela violência fazerem urgentemente seu dever de casa para não incorrerem no
mesmo erro dos que ora sofrem. Deixando de fazer, em pouco tempo, infelizmente,
estarão enfrentando o mesmo drama. Isso não exime cada cidadão de adotar
medidas de prevenção, de contribuir denunciando e de continuar cobrando do
Estado as demais providências que exigem prazo maior para serem implementadas.
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