sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

DE OLHO NA LÍNGUA - Prof. Antônio da Costa (Do Jornal Correio da Semana - Sobral-CE - Sábado - 16.02.19)

De quatro costados
Diz-se de brasileiro “de quatro costados”, português “de quatro costados”, espanhol “de quatro costados” (ou de pessoas de quaisquer nacionalidades), quando a ascendência delas não tem mescla de sangue estrangeiro. Isto é, quando são membros de famílias tradicionais da terra ou nacionalidades a que pertençam.

Considera-se brasileiro de quatro costados os que em São Paulo se declaram paulistas de quatrocentos anos. Esta é uma expressão usada como reação aos filhos de imigrantes que, pela inteligência, atividade e poder econômico, passaram a dominar a sociedade local, assim como a produção industrial e agrícola e os negócios bancários.

Costado é vocábulo de emprego usual no estudo de genealogia (estudo da origem das famílias; estirpe; linhagem; procedência. Abreviatura: geneal.), oriundo da palavra francesa “coté”, que significa raça, estirpe, linhagem, família, ascendência. Os “quatre cotés”, ou quatro costados, são as famílias do lado materno e do lado paterno da pessoa a que se alude.

Meteorologia (Grafia e pronúncia)
É muito comum, inclusive, em publicações (ir) responsáveis, o erro que se comete na grafia e pronúncia da palavra meteorologia e das derivadas meteorológico e meteorologista. A palavra é formada de meteoro+logia = estudo, tratado. Portanto, deu me-te-o-ro-lo-gia.

Lhe / lhes etc.
É muito comum empregar “lhe”. “lhes” etc. em lugar de “o”, ‘a”, “os”, “as” etc. Exs.: Sempre lhe amei; Não lhe conheço; Vim aqui para lhe abraçar. Mas o correto, nesse caso (em que o verbo é transitivo) é dizer: Sempre o amei; Não os conheço; Vim aqui para o abraçar.

Justificar (Emprego inadequado)
Justificar vem sendo usado incorretamente significando “fazer justiça”, “reparar” uma injustiça. Modernamente, o significado correto e exclusivo de justificar é punir com a morte ou com o suplício. A confusão origina-se provavelmente da consideração de oposição entre justiçar e injustiçar (embora nem exista o verbo injustiçar).

Hora (Emprego e uso)
Quando as expressões de tempo são determinadas (isto é, quando marcam um momento), exigem o artigo. Diga-se, portanto: Antes do meio-dia (e não: Antes de meio-dia); Depois da meia-noite (e não: Depois de meia-noite); Antes das quatro horas (e não: Antes de quatro horas); Vi o filme na sessão das quatro horas (e não: Vi o filme na sessão de quatro horas).

Usa-se a preposição “de” quando se trata de duração, decurso: Trovejou ao longo de duas horas: A duração da aula prática é de três horas.

Eis um exemplo em que figuram as duas formas: Às duas horas começaram a chegar os convidados e, em menos de uma hora, a casa estava cheia.

Haja vista
A expressão “haja vista” é invariável no Português contemporâneo. Está consagrada como sinônimo de “por exemplo, veja”. Exs.: Haja vista (por exemplo, veja) o Brasil, que se vai recuperando da crise econômica; Haja vista (veja, por exemplo) as proporções do nosso crescimento populacional. 

Finalmente, há a forma “haja vista a” (Haja vista a estes magníficos exemplos). E, ainda, há quem faça concordância do verbo haver com o elemento que vem depois de “vista”: Hajam vistas as dimensões do Brasil. Mas, repita-se: a mais usada é a forma invariável “haja vista”.


(*) Graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). É, também, funcionário do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sobral (CE). Contatos: (88) 99762-2542 e (88) 98141-2183.



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