sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

POUCAS E BOAS - artemísiodacosta@hotmai.com (Do Jornal Correio da Semana - Sobral-CE - Sábado - 16.02.19)

Corrupto / corruptor: Serei mais um?

Desde 2012 a organização Transparência Internacional divulga anualmente o IPC (Índice de Percepção da Corrupção), que é uma radiografia da corrupção que campeia diversos países. A escala utiliza a contagem de 0 a 100, ou seja: 0 é a nota do país considerado altamente corrupto; 100, a do muito íntegro. E, mais uma vez, a situação do Brasil piorou.

Vamos, então, aos números: Em 2017, quando foram avaliados 180 países, o Brasil ficou em 96º lugar com 37 pontos. Em 2018 ocorreu a terceira queda anual seguida: o Brasil só obteve 35 pontos e agora a ocupa o 105º lugar, sendo esta a pior colocação desde a implantação da pesquisa.
Dessa forma, o Brasil fica atrás de países como Índia (posição 78), Colômbia e Filipinas (ambos na posição 99). E fica na frente de Haiti (posição 161), Iraque, Venezuela (ambos na posição 168) e Coréia do Norte (posição 176). Essa queda deve-se, sobretudo, ao aperto das investigações da Lava jato e de outras operação, que trouxa à tona maior número de falcatruas. Assim sendo, em termos de corrupção no Brasil, muita coisa ainda tem de ser descoberta, esclarecida e seus responsáveis postos na cadeia, depois, é claro, do devido ressarcimento dos prejuízos causados.

Invariavelmente, quanto me deparo com alguém discutindo as causas e o que fazer com tanta corrupção no País, insisto na opinião de que a maioria dos brasileiros continua tentando enganar a si mesmo. Continua tentando isentar-se de parte da culpa desse mar de lama em que imergiu o País. E fazer um profundo e sincero “mea culpa” seria muito oportuno e producente.

É claro que a classe política é a responsável pelos maiores mais abrangentes prejuízos. Enfim, é ela (a classe política) quem cuida da administração e quem vota as leis do país. Mas quem os colocou e coloca no poder? Quem ainda não se habituou a acompanhar o trabalho deles?

Agora, avalio que imputar toda a culpa da corrupção somente aos políticos é o mesmo que visualizar o problema com óculos vencidos, de forma parcial e até egoísta? E as outras categorias? E os corruptos que consciente ou inconscientemente criamos no dia a dia? Dizer o quê?

A meu ver, praticamente todos contribuímos para o avanço da corrupção. Tornamo-nos corruptores toda vez que induzimos alguém a pequenos delitos, mentirinhas ou pedindo/exigindo que alguém “feche os olhos” diante de nossos erros. E isso ocorre frequentemente dentro de milhões de lares, quando filhos, inclusive menores, ou pessoas do convívio, são induzidos e até obrigados a praticar ilícitos.

E o que dizer do silêncio de milhões diante de atos de corrupção, governamental ou não? Refiro-me àqueles que se calam por opção ou, muitas vezes, em troca alguma vantagem, como um empreguinho, um perdão de dívida ou uns míseros reais. Pode-se, então, fazer alguma coisa e não somente esperar pela ação da justiça e da polícia? O que fazer antes que o povo comece a fazer justiça com as próprias mãos? Creio que todos podem e devem fazer sua parte. 

Por um lado, procurar impedir o surgimento de corruptores e corruptos dentro dos lares, evitando induzir inocentes a ações nada “inocentes”. Se essas já ocorreram, buscar corrigir seu fato gerador e não aceitar que seus agentes continuem sem punição, como se nada tivesse acontecido. Por outro, jamais calar e denunciar com responsabilidade; exigir providências imediatas e também cobrar insistentemente a criação de leis mais rigorosas, e que sejam fielmente cumpridas, uma vez que a condescendência da atual legislação é de levantar suspeita. Infelizmente, só aqui e acolá pune como deveria. E mais: de forma tão branda que chega até a estimular a reincidência ou o surgimento de novos corruptos.
Também se faz imprescindível uma plena conscientização da população quanto a seus direitos e deveres. Depois, exigir a coparticipação de toda sociedade na confecção das leis, eliminando o monopólio dos políticos que cuidadosamente as criam visando beneficiar primeiramente a eles próprios, resguardando direitos e brechas. Só depois disso é que vão cuidar da lei como instrumento para trazer benefícios para a população.

Por último, que a população insista em fiscalizar mais o cumprimento efetivo das leis, a fim de que punam corruptos não apenas com prisões, mas também que exijam o ressarcimento pecuniário (em dinheiro) e moral (se for o caso) de todo o prejuízo que corruptos causarem. Quem sabe, passe a servir de exemplo.

Ah! Quanto à pergunta do cabeçalho (Corruptos e corruptores: Serei mais um?), deixemos a resposta por conta da consciência de cada leitor. Lembrete: No íntimo de cada um de nós ela sempre emite seu sinal de alerta. 

Portanto, procure escutar ao máximo sua consciência e lhe obedecer sempre, pois ela também cansa. Quando não é atendida, ela cansa. Quando cansa, cala-se. E, calando-se, a corrupção e toda espécie de pecado passam a ser normal para aquele indivíduo. 

Aí, meu amigo, é mais um corrupto na praça. 
Pense nisso!

DOMINGO NA EDUCADORA DE SOBRAL-CE 
Neste domingo (27), no Programa Artemísio da Costa na Educadora AM 950. Notícias, reportagens, curiosidades, música de boa qualidade. Entrevista com as servidoras do SEC/Sobral Terezinha Nascimento, Supervisora de Lazer, e Lídia Marques, Instrutora de Yoga. Participe 3611-1550 // 3611-2496 // WhatsApp (88) 99618-9555 // Facebook: Artemísio da Costa.
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