Entre
o Português europeu (PE), de Portugal, e o Português brasileiro (PB), do Brasil,
há diferenças: fonética, morfológica e na sintaxe. Vejamos: retrete sem sanita.
O
cara leitor saberia o que significa? Lá, retrete é o nosso banheiro; sanita é a
nossa privada, vaso sanitário. Ex.: A sanita está sem água. Retrete, privada,
vaso sanitário, WC. Ex.: É preciso fazer uso das retretes nas paragens (= É
proibido usar os banheiros nas paradas). Aviso no banheiro do trem; aposento
onde está a privada.
Entrar
numa bicha significa entrar numa fila; camisola é camisa de malha, camiseta;
camisa esportiva; suéter significa camisola interior. Calçada significa rua com
pavimentação de pedras; ladeira. Ex.: A calçada da Graça.
OBS.: Em Portugal,
não designa o passeio para pedestre. O nosso açougue é talho; açougueiro é
talhador. Caipira significa pão-duro; fadista, o que canta Fado; como eram
chamados, depreciativamente, os constitucionais comandadas por Dom Pedro I (IV
de Portugal durante a guerra civil de 1828-1834).
Ora, pílulas!
Entre
os antigos romanos chamava-se “pila” a bola de jogar (uma bola pilosa, com
pelos da crina com que era feita. A “pilula”, no diminutivo, era a bolinha,
pequeno corpo redondo... e mais fácil engolir.
Mais bem
“O
Hospital dos Servidores do Estado é um dos melhores aparelhados”. Errado!
Quando
os advérbios “bem” ou “mal” precederem o particípio passado, emprega-se a forma
analítica (mais bem ou mais mal) e não a sintética (melhor). Portanto, “... um
dos mais bem aparelhados”). Há autores que aceitam a forma sintética “melhor”:
Paulo é o repórter melhor informado. O mais seguro é usar a forma analítica.
Vejamos
esta situação: Se uma pessoa se veste bem, com elegância, como você diria:
Paulo é o melhor vestido da sala ou Paulo é o mais bem vestido da sala? É claro
que a forma “mais bem” é a que expressa a afirmativa.
Mau e mal (Emprego
e uso)
Usa-se
“mal” nas seguintes hipóteses: I) Quando é advérbio: Estou passando mal de saúde.
Mal, nesta frase, é o oposto de bem;
II)
Quando tem a significação de “apenas”: Mal abri a boca comecei a tossir; Mal
cheguei ele saiu (apenas, bem, quando que são advérbios). Veja: Bem cheguei ele
saiu mal; Mal abri a boca comecei a tossir - equivale a “Apenas abrir a boca
comecei a tossir”;
III)
Quando é substantivo: O mal não deve ser pago com o mal. Nesta hipótese, mal
significa prejudicial, causador de dano, e faz o plural males.
Usa-se “mau”
quando é adjetivo masculino: Ele é mau aluno. Aqui tem a significação de ruim;
é contrário de bom: Ele é bom aluno.
Malformação
Significa
anomalia; formação defeituosa, imperfeita. Justifica-se com o “L”, com a origem
francesa (malformation). Pode-se, também, grafar má-formação. Em medicina,
emprega-se mais a primeira forma: malformação.
Meio-dia e meia
Meio-dia
e meia, e não: meio-dia e meio. Aqui, o numeral “meia” se refere à palavra
hora. É como se disséssemos: Meio-dia e meia hora.
Para refletir:
“Plante
seu jardim, decore sua alma em vez de esperar que alguém lhe mande flores”.
(William Shakespeare)
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