
Em alguns casos, também é possível
renegociar. Graças a resoluções do Conselho Monetário Nacional (CMN), os
principais bancos estão negociando a prorrogação de dívidas. Os agricultores e
pecuaristas também poderão pedir o adiamento de parcelas do crédito rural. A
Agência Nacional de Saúde (ANS) fechou um acordo para que os planos não
interrompam o atendimento a pacientes inadimplentes até o fim de junho.
Além do governo federal, diversos estados
estão tomando ações para adiar o pagamento de tributos locais e proibir o corte
de água, luz e gás de consumidores inadimplentes. No entanto, consumidores de
baixa renda ficarão isentos de contas de luz por 90 dias em todo o país. Os
adiamentos não valem apenas para os consumidores. Em alguns casos, a Justiça
está agindo. Liminares da 12ª Vara Cível Federal em São Paulo proibiram o corte
de serviços de telefonia de clientes com contas em atraso. Diversos estados
estão conseguindo, no Supremo Tribunal Federal, decisões para suspenderem o
pagamento de dívidas com a União durante a pandemia.
Confira as
principais medidas temporárias para aliviar o bolso em tempos de crise:
Empresas
• Adiamento do
pagamento da contribuição patronal ao Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), da Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social (Cofins) e dos Programas de Integração Social (PIS) e de
Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep). Os pagamentos de abril
serão quitados em agosto. Os pagamentos de maio, em outubro. A medida
antecipará R$ 80 bilhões para o fluxo de caixa das empresas.
• Adiamento da
Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) do 15º dia útil de
abril, maio e junho para o 15º dia útil de julho.
• Redução em 50%
da contribuição das empresas para o Sistema S por três meses, de abril a junho.
Microempresas
• Adiamento, por
seis meses, da parte federal do Simples Nacional. Os pagamentos de abril, maio
e junho passaram para outubro, novembro e dezembro.
• Adiamento, por
três meses, da parte estadual e municipal do Simples Nacional. Os pagamentos do
Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS, pertencente aos
estados) do Imposto sobre Serviços (ISS, dos municípios) de abril, maio e junho
passaram para julho, agosto e setembro.
Microempreendedores
individuais (MEI)
• Adiamento das
parcelas por seis meses. Os pagamentos de abril, maio e junho passaram para
outubro, novembro e dezembro. A medida vale tanto para a parte federal como
para parte estadual e municipal (ICMS e ISS) do programa.
Pessoas físicas
• Adiamento, por
dois meses, do prazo de entrega da declaração do Imposto de Renda Pessoa Física e do
pagamento da primeira cota ou cota única. A data passou de
30 de abril para 30 de junho.
• O cronograma
de restituições, de maio a setembro, está mantido.
Empresas e pessoas
físicas
• Suspensão, por
90 dias, do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para
empréstimos. Imposto deixará de ser cobrado de abril a junho, injetando R$ 7
bilhões na economia.
Empresas e
empregadores domésticos
• Suspensão das
contribuições para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) por três meses, inclusive para
empregadores domésticos. Valores de abril a junho serão pagos de julho a
dezembro, em seis parcelas, sem multas ou encargos.
Compra de materiais
médicos
• Redução a zero
das alíquotas de importação para produtos de uso médico-hospitalar
• Desoneração
temporária de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para bens
necessários ao combate ao Covid-19
Contas de luz
• As suspensões
ou proibição de cortes de consumidores inadimplentes cabe a cada estado. No
entanto, consumidores de baixa renda, que gastam até 220 quilowatts-hora (kWh)
por mês, estarão isentos de pagarem a conta de energia. O valor que as
distribuidoras deixarão de receber será coberto com R$ 900 milhões de subsídio
da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
Contas de telefone
• Agência
Nacional de Telecomunicações (Anatel) comunicou a operadoras telefônicas que
não cortem o serviço de clientes com contas em atraso. Serviços interrompidos
deverão ser restabelecidos em até 24 horas. Decisão atende a liminares da 12ª
Vara Cível Federal em São Paulo que valem para todo o país. A agência tentou
recorrer das decisões, mas perdeu.
Dívidas em bancos
• Autorizados
por uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN), os cinco principais bancos do país
– Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco e Santander
– abriram renegociações para prorrogarem vencimentos de dívidas por até 60 dias.
• Renegociação
não vale para cheque especial e cartão de crédito.
• Clientes
precisam estar atentos para juros e multas. Segundo o Instituto Brasileiro de
Defesa do Consumidor (Idec), é preciso verificar se o banco está propondo uma
pausa no contrato, sem cobrança de juros durante a suspensão, ter cuidado com o
acúmulo de parcelas vencidas e a vencer e perguntar se haverá impacto na
pontuação de crédito do cliente.
Financiamentos
imobiliários da Caixa
• Caixa
Econômica Federal anunciou pausa de 90 dias os contratos de financiamento
habitacional, para clientes adimplentes ou com até duas parcelas em atraso,
incluindo os contratos em obra. Quem tinha pedido dois
meses de prorrogação terá a medida ampliada automaticamente para três meses.
• Clientes que
usam o FGTS para pagar parte das parcelas do financiamento poderão pedir a suspensão
do pagamento da parte da prestação não coberta pelo fundo por 90 dias.
• Clientes
adimplentes ou com até duas prestações em atraso podem pedir a redução do valor
da parcela por 90 dias.
• Carência de
180 dias para contratos de financiamento de imóveis novos.
Produtores rurais
• CMN autorizou
a renegociação e a prorrogação de pagamento de crédito rural para
produtores afetados por secas e pela pandemia de coronavírus. Bancos podem
adiar, para 15 de agosto, o vencimento das parcelas de crédito rural, de
custeio e investimento, vencidas desde 1º de janeiro ou a vencer.
Estados devedores da
União
• Governo
incluiu uma emenda ao Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal (PEF), ainda em
discussão na Câmara, para suspender os débitos dos estados com o governo
federal por seis meses. A medida injetará R$ 12,6 bi nos cofres estaduais para
enfrentarem a pandemia.
• Enquanto a
emenda não é votada, 17 estados conseguiram liminares no Supremo Tribunal
Federal (STF) para suspenderem as parcelas de dívidas com a União.
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