sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Abin fez relatórios para defender Flávio Bolsonaro sobre 'rachadinha', diz revista

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) produziu pelo menos dois relatórios para ajudar a defender o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos- RJ) no caso das "rachadinhas", em que ele foi denunciado por lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa.

Em um dos documentos, obtidos e divulgados pela revista "Época", a Abin cita explicitamente o objetivo da ação.

"Defender FB [Flávio Bolsonaro] no caso Alerj demonstrando a nulidade processual resultante de acessos imotivados aos dados fiscais de FB", escreveu.

A autenticidade dos dois documentos que a revista teve acesso foi confirmada pela defesa do próprio Flávio Bolsonaro.

Advogados do senador queriam provar que o caso das "rachadinhas" foi iniciado por causa de ações ilegais da Receita Federal. A Abin emitiu os relatórios para ajudar a defesa a comprovar essa suposta teoria.

No primeiro relatório, a Abin disse que a "linha de ação" devia começar mostrando "acessos imotivados anteriores (arapongagem)".

Já o segundo relatório chegou a inclusive sugerir a demissão de servidores da Receita envolvidos no caso que classificou como "três elementos-chave dentro do grupo criminoso da RF (Receita Federal)", que "devem ser afastados in continenti".

"Este afastamento se resume a uma canetada do Executivo, pois ocupam cargos DAS [Direção e Assessoramento Superior]. Sobre estes elementos pesam condutas incompatíveis com os cargos que ocupam, sendo protagonistas de diversas fraudes fartamente documentadas", afirma o documento.

São citados o corregedor José Barros Neto; o chefe do Escritório de Inteligência da Receita no Rio de Janeiro, Cléber Homem; e o chefe do Escritório da Corregedoria da Receita no Rio, Christiano Paes.

A agência traça uma "alternativa de prosseguimento", que envolveria a CGU (Controladoria-Geral da União), o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) e a AGU (Advocacia-Geral da União). O objetivo seria fazer com que a AGU e a CGU ajuízem a ação. O relatório ainda destaca, inclusive, que os dois órgãos estão sob o comando do governo Jair Bolsonaro.

"Em resumo, ao invés da advogada ajuizar ação privada, será a União que assim o fará, através da AGU e CGU — ambos órgãos sob comando do Executivo", escreveu a Abin. (JB/Ag. Sputnik Brasil)

 

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