A escritora nasceu na capital paulista, estudou na
Escola Caetano de Campos e se formou na Faculdade de Direito do Largo de São
Francisco, da Universidade de São Paulo (USP). Ingressou na ABL em 1987 na
cadeira 16, na sucessão de Pedro Calmon.
Lygia faleceu em sua casa, em São Paulo, de causas
naturais. "Perdemos nossa querida. Partiu tranquilamente! Mas viverá para
sempre. Principalmente no coração de seus amigos!", escreveu nas redes
sociais o jurista José Renato Nalini, atual presidente da Academia Paulista de
Letras. O velório ocorrerá hoje, a partir das 16h, na Academia Paulista de
Letras, em São Paulo. Seu corpo será cremado no cemitério da Vila Alpina.
A obra de Lygia aborda temas variados como o amor,
a morte, o medo, o adultério e as drogas. Trata ainda de problemas sociais e
explora o universo feminino, trazendo um olhar crítico ao moralismo social e
deixando transparecer suas visões políticas.
Prêmios
Seu primeiro livro de contos, com o título Porões e
sobrados, foi publicado em 1938. Recebeu quatro vezes o Prêmio Jabuti,
considerado a mais tradicional premiação literária do Brasil. Na primeira
ocasião, em 1966, obteve o feito com a obra O Jardim Selvagem. Voltou a ganhar
em 1973, com o romance As Meninas. Em 1996, consagrou-se novamente com A Noite
Escura e mais Eu e, em 2001, com a coletânea de contos Invenção e Memória.
No ano de 2005, foi agraciada também com o Prêmio
Camões, que enaltece autores de língua portuguesa pelo conjunto da sua obra.
Seu nome entrou pra uma lista da qual atualmente fazem parte outros 33, de
cinco países diferentes.
O trabalho de Lygia ganhou as telas da televisão. O
romance Ciranda de Pedra, publicado em 1954, foi adaptado pela TV Globo duas
vezes. A primeira novela, escrita por Antônio Teixeira Filho e dirigida por
Wolff Maia, foi ao ar pela TV Globo em 1981. A segunda versão, veiculada em
2008, foi escrita por Alcides Nogueira e dirigida por Denise Saraceni.
Seu nome também aparece na história do cinema
brasileiro. No filme Capitu (1968), inspirado no romance Dom Casmurro de
Machado de Assis, ela trabalhou em parceria com o crítico de cinema e seu
segundo marido Paulo
Emílio Sales Gomes, com quem foi casada de 1963 até
ficar viúva em 1977. Ambos assinam o roteiro que posteriormente recebeu o
Prêmio Candango, concedido pelo Festival de Brasília.
Com formação em Direito, a escritora se mobilizou
contra a censura durante a ditadura militar. Junto com os escritores Nélida
Piñon e Jefferson Ribeiro de Andrade e o historiador Hélio Silva, ela compôs a
comissão responsável pela elaboração do Manifesto dos Intelectuais, um
abaixo-assinado que ganhou repercussão em 1977 após conquistar a adesão de mais
de mil signatários. Entregue ao Ministério da Justiça, ele foi considerado a
maior manifestação de intelectuais contra a censura imposta no período.
Lygia não deixa descendentes. Seu único filho, o cineasta
Goffredo da Silva Telles Neto, faleceu em 2006, aos 52 anos. Ele era fruto do
relacionamento com o primeiro marido, o jurista Gofredo Teles Júnior, que durou
de 1947 até 1960.
Entre seus livros mais importantes estão Antes do
Baile Verde (1970), As Meninas (1973), Seminário dos Ratos (1977), Filhos
Pródigos (1978), A Disciplina do Amor (1980), As Horas Nuas (1989), A Noite
Escura e Mais Eu (1995), e Invenção e Memória (2000). Seu livro Ciranda de
Pedra (1954) inspirou a novela homônima, exibida na TV Globo. (JB/Ag. Brasil)
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