Pesquisa mede impacto da burocracia para comprovar identidade
Seis em cada dez brasileiros já perderam um dia de trabalho
para comparecer a um local em que era preciso confirmar sua identidade, e também
é essa a proporção dos que faltaram a alguma aula para resolver esse tipo de
burocracia.
Esses e outros dados foram divulgados hoje (19) e fazem parte de
uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva e pela empresa Unico, startup que desenvolve formas de
identificação digital.

Para o estudo, o Instituto Locomotiva ouviu, entre os meses
de abril e maio deste ano 1.561 adultos das classes A à D e com acesso à
internet. Os entrevistados são de todas as regiões do país, e a margem de erro
dos dados é de 2,5 pontos percentuais.
Segundo as respostas, 98% da população afirmam já ter
enfrentado alguma dificuldade para confirmar a própria identidade, 94% declaram
já ter perdido tempo e 84% relatam ter sofrido prejuízos financeiros.
A necessidade de confirmar sua identidade presencialmente
foi mais frequente em serviços bancários e financeiros, o que ocorreu no caso
de 93% dos entrevistados. Mesmo quando são considerados apenas os últimos 12
meses, 69% das pessoas afirmaram que precisaram comparecer a essas instituições
para comprovar que eram elas mesmas.
Para o diretor de Comunicação da Unico, Pedro Henrique
Oliveira, não surpreende que os bancos estejam no topo desse ranking.
"Isso está associado a uma tentativa de criar cada vez mais camadas de
proteção, o que é louvável. Mas o que o setor precisa entender é que há formas
mais modernas de manter segurança sem gerar fricção", afirma ele, que
destaca que os deslocamentos para confirmar a identidade causam custos às
pessoas que vão além da passagem de ida e volta. "Vamos imaginar que seja
uma diarista. Quando ela precisa ir ao banco só para liberar o seu cartão, essa
pessoa deixou de ganhar uma faxina e isso tem um impacto na vida dela".
Problemas burocráticos relacionados à identificação também
causaram prejuízos na hora de conseguir um emprego ou obter auxílio do Estado.
Segundo a pesquisa, três em cada dez pessoas já perderam alguma oportunidade de
trabalho porque não tinham documento comprovando a qualificação, e um terço dos
entrevistados não conseguiu se cadastrar em programas sociais porque faltava
algum documento.
O diretor da startup defende
serviços como biometria facial para autenticação de identidades e assinatura
eletrônica biométrica. "A pesquisa nos mostra que a sociedade caminha cada
vez mais para ser digital e oferecer serviços digitais. Mas o acesso das
pessoas, a forma de autenticar e reconhecer as pessoas, ainda segue o padrão de
10 ou 15 anos atrás".
Os entrevistados consideraram que os serviços públicos
oferecem mais burocracia nesse sentido, já que 71% afirmam ter perdido tempo ou
dinheiro desnecessariamente nesses locais, mas o setor privado fica apenas dois
pontos percentuais atrás, se for considerada a margem de erro, com percentual
de 64%.
"Dá para ser seguro e evitar fraude sendo simples, por
meio da tecnologia. O governo federal já vem mostrando isso com o Gov.br e
outros, muitas empresas já vêm caminhando para isso, mas é uma tendência em que
a gente ainda precisa avançar no Brasil", afirma. "A gente ainda não
coloca o usuário no centro do processo. Em nome da proteção, que é necessária,
a gente cria muitas barreiras".
(Ag.
Brasil)

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