A invasão do Capitólio aconteceu em 6 de janeiro de
2021, quando partidários do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
entraram à força no Congresso americano. Eles protestavam contra o resultado da
eleição presidencial que deu a vitória ao democrata Joe Biden, a partir de
falsas alegações de Trump de que teriam acontecido fraudes no processo de
votação.
Para o cientista político da Eurasia, dois fatores
tornam improvável uma ruptura da democracia no Brasil: a baixa centralização de
poder político nas mãos do Executivo e a reduzida propensão dos militares a
tomarem uma posição que pode enfraquecer a instituição.
Garman, porém, observa com preocupação o que
considera uma dispersão sem precedentes nas pesquisas eleitorais, com pesquisas
como Datafolha mostrando Lula à frente com 23 pontos de vantagem num eventual
segundo turno, enquanto pesquisa Modalmais dá apenas 7 pontos.
Como é esperado que Lula perca parte de sua
vantagem com o início oficial da campanha eleitoral, o diretor da Eurasia
avalia que isso pode resultar em algumas pesquisas mostrando Bolsonaro empatado
ou até ligeiramente à frente nas intenções de voto para o segundo turno.
"A diferença entre algumas pesquisas e o
resultado nas urnas pode validar a visão da base bolsonarista de que houve
fraude. E então pode haver eventos como greve de caminhoneiros, algo como o 6
de janeiro americano e manifestações, mas que tendem a se dissipar",
afirma.
"Não é um risco ao resultado das urnas, mas
uma preocupação ao longo do tempo, porque nunca é saudável, em qualquer
democracia, ter 25% da população achando que a eleição foi roubada. Estamos
vendo isso nos Estados Unidos."
Garman destaca ainda que um eventual governo Lula
deve ter "lua de mel" curta e baixas taxas de aprovação, a exemplo do
que vem acontecendo em outros países da América Latina, como Chile, Peru e
Colômbia.
"Veja o caso de Gabriel Boric, no Chile. Ele
foi eleito recentemente e a taxa de aprovação dele está menor do que a do
Bolsonaro agora", observa Garman.
Para o cientista político, isso significa que a
atual "onda rosa" da América do Sul, com uma guinada à esquerda nos
resultados de várias das eleições recentes, pode ter vida curta.
"No fundo, essa guinada à esquerda não é um
desejo da população a favor da esquerda. É desejo de mudança", afirma.
"A direita e a centro-direita estavam mais no
poder nesse ciclo eleitoral. Agora, a esquerda chegando ao poder, vai sofrer
com os mesmos fatores que levaram à queda dos governos de direita e centro-direita.
É um ambiente muito difícil de governabilidade, isso é estrutural."
Confira abaixo os principais trechos da entrevista.
BBC News Brasil - Na sua análise mais recente sobre
as eleições brasileiras, o senhor reduziu a chance de vitória do ex-presidente
Lula de 70% para 65% e elevou as chances de Bolsonaro a 30%. Por que o senhor
avalia que Bolsonaro chega mais forte às eleições?
LEIA A MATÉRIA COMPLETA CLICANDO ABAIXO:
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62246930
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