Segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom
Ghebreyesus, a decisão foi tomada para melhorar a resposta internacional ao
vírus, que se espalhou por mais de 75 países. O dirigente afirma que foram
cinco elementos que embasaram a decisão.
1. As informações fornecidas pelos países mostram que o vírus se espalhou
rapidamente, inclusive para muitos países que não o viram antes;
2. Os critérios para declarar uma emergência de saúde pública de interesse
internacional foram atendidos;
3. O parecer do Comitê de Emergência, que não chegou a um consenso;
4. As evidências e informações relevantes sobre a doença, que ainda são
insuficientes;
5. O risco para a saúde humana, disseminação internacional e o potencial de
interferência no tráfego internacional de pessoas.
Mais de 16 mil casos da doença já foram relatados
em 75 países, com cinco mortes, informou o diretor-geral da OMS.
Junto com a declaração, a OMS separou quatro grupos
de países a depender da situação epidemiológica e lançou diretrizes para trazer
eficácia ao combate à doença. (veja abaixo as perguntas e
respostas)
"Além de nossas recomendações aos países,
também peço às organizações da sociedade civil, incluindo aquelas com
experiência no trabalho com pessoas vivendo com HIV, que trabalhem conosco no
combate ao estigma e à discriminação", disse.
“Com as ferramentas que temos agora, podemos
interromper a transmissão e controlar esse surto”, afirmou Adhanom.
O que é uma
emergência de saúde global?
Segundo a OMS, trata-se de um “evento
extraordinário”, que constitui risco de saúde pública por meio de disseminação
internacional, e potencialmente requer uma resposta internacional coordenada.
Como estão os
casos no Brasil e no mundo?
A varíola dos macacos registra mais de 16 mil
casos, relatados em 75 países, segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom.
O Ministério da Saúde contabilizou,
até esta quinta-feira (21), 592 casos confirmados de varíola dos macacos no
Brasil.
"Decidi declarar uma emergência de saúde
pública de alcance internacional", disse Tedros em entrevista coletiva,
afirmando que o risco no mundo é relativamente moderado, exceto na Europa, onde
é alto.
“Embora eu esteja declarando uma emergência de
saúde pública de interesse internacional, no momento este é um surto que se
concentra entre homens que fazem sexo com homens, especialmente aqueles com
múltiplos parceiros sexuais”, disse Adhanom.
“Isso significa que este é um surto que pode ser
interrompido com as estratégias certas nos grupos certos”, acrescentou
Como a varíola
dos macacos virou uma emergência de saúde global?
A avaliação da situação foi feita em reunião do
Comitê de Emergência sob o Regulamento Sanitário Internacional, da OMS, na
última quinta-feira. Não houve consenso entre os integrantes de que a doença se
enquadraria na situação de emergência de saúde global, mas Adhanom decidiu
classificá-la mesmo assim.
“A avaliação da OMS é que o risco de varíola é moderado
globalmente e em todas as regiões, exceto na região europeia, onde avaliamos o
risco como alto”, disse diretor-geral da organização.
Adhanom afirma ainda que existe também um risco
claro de maior disseminação internacional, embora o risco de interferência no
tráfego internacional permaneça baixo no momento.
“Então, em suma, temos um surto que se espalhou
rapidamente pelo mundo, através de novos modos de transmissão, sobre os quais
entendemos muito pouco e que atendem aos critérios do Regulamento Sanitário
Internacional”, acrescentou.
O que faz a
OMS em uma emergência de saúde global?
Em geral, a OMS colabora com as autoridades de
saúde dos países-membros para evitar a propagação da doença, em ações como
vigilância, atendimento clínico, comunicação de risco, diagnóstico laboratorial
e resposta para prevenir novas infecções.
Neste sábado, a organização publicou as primeiras
diretrizes focadas em grupos de países em diferentes fases da transmissão da
doença.
Quais foram as
recomendações da OMS para a varíola dos macacos?
A organização dividiu os membros em quatro grupos,
de acordo com a situação epidemiológica da varíola dos macacos.
- Grupo
1: sem histórico da doença na população
humana ou sem ter detectado um caso de varíola por mais de 21 dias;
- Grupo
2: com casos recentes e importados na
população humana e/ou de outra forma com transmissão de humano para humano
do vírus, inclusive em população-chave e comunidades com alto risco de
exposição;
- Grupo
3: com transmissão zoonótica conhecida ou
suspeita de varíola dos macacos, incluindo no passado; em que a presença
do vírus foi documentada em qualquer espécie animal; e aqueles em que a
infecção de países de espécies animais pode ser suspeita;
- Grupo
4: com capacidade de fabricação para defesas
médicas.
No Grupo 1, a OMS pede principalmente que ativem
mecanismos de coordenação multissetoriais para fortalecer a resposta e
interromper a transmissão de humano para humano. Pede também treinamento a
equipes médicas e que coloquem em prática mecanismos para impedir a
estigmatização de doentes.
O Grupo 2, de situação mais preocupante, a OMS
recomenda o mesmo do primeiro grupo, mas com metas de interrupção de
transmissão, de proteção de grupos vulneráveis e de monitoramento do vírus. Até
mesmo protocolos de tratamentos clínicos e de viagens devem ser estabelecidos
para conscientizar a população dos riscos.
Para o Grupo 3, pede a coordenação colaborativa de
saúde pública, veterinária e de vida selvagem para gerenciar o risco de
transmissão de animais para humanos. Além disso, que os países realizem
investigações e estudos detalhados de casos para caracterizar os padrões de
transmissão e compartilhe as descobertas com a OMS.
Do Grupo 4, a orientação é aumentar a produção e a
disponibilidade de medicamentos e vacinas, além de trabalhar com a OMS para
garantir abastecimento a custo razoável para os países mais necessitados.
Se a varíola
dos macacos não é uma doença nova, o que mudou?
A OMS afirma que, desde o início de maio de 2022,
casos de varíola dos macacos foram relatados em países onde a doença não é
endêmica (nativa, ou de transmissão comunitária), além de ser relatada em
vários países endêmicos.
“A maioria dos casos confirmados com histórico de
viagens relatou viagens para países da Europa e América do Norte, em vez da
África Ocidental ou Central, onde o vírus da varíola dos macacos é endêmica”,
diz o comunicado da OMS.
Segundo a organização, esta é a primeira vez que
muitos casos foram relatados simultaneamente em países não-endêmicos, em áreas
geográficas amplamente díspares.
Quais os
sintomas da varíola dos macacos?
A varíola dos macacos é uma doença viral que
costuma causar erupções na pele, que se espalham pelo corpo.
Veja os sintomas iniciais mais comuns:
- febre;
- dor de cabeça;
- dores musculares;
- dor nas costas;
- gânglios (linfonodos) inchados;
- calafrios;
- exaustão.
Dentro de 1 a 3 dias (às vezes mais) após o
aparecimento da febre, o paciente desenvolve uma erupção cutânea, geralmente
começando no rosto e se espalhando para outras partes do corpo.
As lesões passam por cinco estágios antes de cair,
segundo o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. A doença
geralmente dura de 2 a 4 semanas.
(G1)
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