Até agora, 30 hospitais se registraram na Plataforma de Lançamento de Vacinas contra o Câncer, que se destina a fazer a ponte entre os pacientes e os próximos testes.
Estas vacinas vão utilizar a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), a mesma usada em algumas
vacinas contra covid-19.
Elas são desenvolvidas para preparar
o sistema imunológico para reconhecer e destruir as
células cancerígenas restantes e reduzir o risco de a doença voltar.
Os ensaios
clínicos também vão recrutar pacientes da Alemanha, Bélgica, Espanha e Suécia,
que vão receber até 15 doses da vacina personalizada.
Elliot Pfebve, de 55 anos, é o primeiro paciente
a ser tratado com uma vacina personalizada contra o câncer de cólon na Inglaterra.
Após ser submetido a uma cirurgia e quimioterapia, ele tomou a vacina no Hospital Queen Elizabeth, em Birmingham, cidade do norte da Inglaterra.
"Estou
emocionado. Pesquisei um pouco sobre o teste do tratamento. Se for
bem-sucedido, será um grande avanço médico", diz ele.
"Pode ajudar
milhares, talvez milhões, de pessoas, para que possam ter esperança, e não
passem por tudo o que eu vivi", acrescenta.
Após o tratamento
inicial de Elliot, os exames mostraram que ele ainda tinha fragmentos de DNA
cancerígeno na corrente sanguínea, o que aumenta o risco de recidiva (volta do
câncer).
Por isso, ele se
inscreveu para testar uma vacina experimental fabricada pela empresa
farmacêutica alemã BioNTech, que usa a mesma tecnologia de mRNA do imunizante
da Pfizer-BioNTech contra covid-19.
O que é uma
vacina personalizada contra o câncer?
As vacinas são
concebidas, de uma maneira geral, para prevenir doenças.
Mas as vacinas
contra o câncer são criadas como tratamento, uma vez que a pessoa recebe o
diagnóstico da doença.
Assim como
acontece com as vacinas convencionais, elas preparam o sistema imunológico para
procurar um inimigo, neste caso o câncer do paciente.
No caso de
Elliot, uma amostra do tumor dele foi enviada aos laboratórios da BioNTech na
Alemanha, onde foram identificadas até 20 mutações específicas do seu câncer.
Com base nestas
informações, foi criada uma vacina utilizando mRNA, que contém instruções para
as células de Elliot produzirem proteínas mutantes exclusivas de suas células
cancerígenas.
A vacina funciona
como um cartaz de "procura-se", desmascarando as células cancerígenas
que muitas vezes se escondem no corpo para reaparecer mais tarde.
O objetivo é que
a vacina prepare seu sistema imunológico para procurar e destruir qualquer
vestígio remanescente de câncer, aumentando assim as chances de que o paciente
esteja livre da doença nos próximos anos.
'Nova era'
Victoria Kunene,
principal pesquisadora do ensaio clínico no Hospital Queen Elizabeth, em
Birmingham, disse ao jornalista Fergus Walsh, da BBC:
"Acho que
esta é uma nova era. A ciência por trás disso faz sentido."
"Minha
esperança é que isso se torne o padrão de tratamento. Faz sentido que possamos
ter algo que possa ajudar os pacientes a reduzir o risco de recorrência do
câncer".
Mas isso é apenas
o começo e, embora haja um grande otimismo em relação ao potencial das vacinas
de mRNA para o tratamento do câncer, elas ainda estão em fase experimental — e
só estão disponíveis como parte de ensaios clínicos.
O estudo vai
terminar em 2027.
Uma esperança é
que as vacinas causem menos efeitos colaterais do que a quimioterapia
convencional.
Elliot conta que,
além de uma febre leve após tomar a injeção, ele não teve outros problemas com
a vacina.
"Ver Elliot
receber seu primeiro tratamento como parte da Plataforma de Lançamento de
Vacinas contra o Câncer é um momento histórico para os pacientes e para o
serviço de saúde, à medida que tentamos desenvolver formas melhores e mais
eficazes de deter esta doença", disse Amanda Pritchard, diretora-executiva
do NHS England, o serviço público de saúde da Inglaterra.
Peter Johnson,
diretor clínico nacional de combate ao câncer do NHS, acrescentou:
"Sabemos que mesmo depois de uma operação bem-sucedida, o câncer às vezes
pode voltar, porque algumas células cancerígenas permanecem no corpo, mas usar
uma vacina para atacar essas células restantes pode ser uma forma de evitar que
isso aconteça."
No mês passado,
um paciente em Londres recebeu uma vacina
personalizada de mRNA contra o melanoma, a forma mais mortal de câncer de pele.
Esta vacina foi
criada pela Moderna e utilizou a mesma tecnologia das suas vacinas contra
covid-19.
A Moderna e a
BioNTech já começaram ou estão planejando testes com vacinas de mRNA contra uma
série de tipos de tumores, incluindo câncer de pulmão,
de mama e
de bexiga.
Sintomas do
câncer de cólon
No caso do câncer
de cólon, há três aspectos principais a serem verificados:
- Sangue nas
fezes sem nenhum motivo aparente — pode ser um vermelho claro ou escuro;
- Mudanças na
hora de defecar — como ir ao banheiro com mais frequência ou alterações nas
fezes em si (mais moles ou mais duras) ;
- Dor na barriga
ou inchaço, com sensação de barriga cheia e dura.
Outros sintomas
incluem:
- Perder peso sem
tentar;
- Não sentir que
o intestino foi esvaziado depois de ir ao banheiro;
- Sentir-se
cansado sem motivo e tonto.
Estes sintomas são muito comuns, e podem ser causados por outras condições. Não significam necessariamente, portanto, que a pessoa tem câncer de cólon. Mas recomenda-se uma consulta médica, principalmente se durarem mais de três semanas
(Fonte: BBC)
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