A
iniciativa tomou conta dos debates nesta semana com a formalização da proposta
de emenda constitucional (PEC), apresentada pela deputada Erika Hilton
(PSOL-SP), na Câmara dos Deputados. A Agência Brasil consultou três
entidades de cada lado do assunto. Veja a seguir os principais argumentos de
cada uma.
A
favor
Central
Única dos Trabalhadores (CUT) – "A CUT reafirma seu compromisso histórico
em defesa dos trabalhadores e das trabalhadoras, contra todas as ameaças de
retirada de direitos, contra a redução do orçamento para as políticas públicas
e em defesa do fim da escala de trabalho semanal de 6x1 sem redução de salários
e sem a retirada de direitos de redução da jornada já conquistadas por algumas
categorias por meio da negociação coletiva. O crescimento e o desenvolvimento
do país somente serão possíveis com distribuição de renda, com políticas
permanentes de proteção social e de valorização do salário mínimo, com redução
da jornada de trabalho sem redução de salários e com o povo brasileiro no
orçamento público."
Federação
dos Sindicatos de Metalúrgiocos da Cut-SP – "Na base da FEM-CUT/SP,
diversos exemplos de redução de jornada mostram que este é um caminho acertado.
Acordos que reduzem a jornada semanal para 40 horas e o fim da escala 6×1 já
são uma realidade e não prejudicaram as empresas. Os metalúrgicos do ABC,
Sorocaba e Pindamonhangaba são provas disso, como acordos exemplares que trazem
grandes benefícios para a categoria e para as fábricas".
União
Geral dos Trabalhadores (UGT) – "A jornada 6x1 não apenas desgasta
fisicamente, mas também priva os trabalhadores de momentos essenciais com a
família e amigos, atividades de lazer e oportunidades de desenvolvimento
pessoal, como investir na qualificação profissional. Essa desconexão
constante do convívio social e familiar pode gerar estresse e problemas de
saúde mental. Para a União Geral dos Trabalhadores (UGT), lutar pelo fim da
jornada 6x1 é uma prioridade, pois sabemos que a saúde mental e o bem-estar não
são apenas direitos, mas fatores que beneficiam toda a sociedade."
Contra
a proposta
Federação
do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do estado de São Paulo (Fecomécio-SP)
– "Proposta de Emenda à Constituição (PEC) não tem levado em conta
um elemento importante nesse debate: que a imensa maioria de empregadores do
país é formada por empresas de pequeno e médio porte (PMEs) que, se por um lado
são as que mais geram postos de trabalho, por outro não teriam condições de
reduzir a jornada dos seus funcionários sem uma redução salarial proporcional.
Dessa forma, os efeitos econômicos seriam significativos, com potencial de
inviabilizar um grande número desses negócios."
Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) – "A Constituição
brasileira, em seu artigo 7º, estabelece que a jornada do trabalho normal não
deve ser superior a 44 horas semanais. Nada impede que por meio de negociação
as partes cheguem a jornadas diferentes. Dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, em termos práticos, no segundo
trimestre deste ano, os brasileiros trabalharam em média 39,2 horas por semana.
A Fiesp defende que o caminho adequado para estabelecer uma jornada de trabalho
inferior às 44 horas semanais são os acordos coletivos firmados entre
empregadores e empregados, como prevê a Constituição. Somente a negociação
direta é capaz de contemplar as especificidades de cada setor, considerando
fatores como o contexto local, porte das empresas e demanda dos trabalhadores,
e garantir a sustentabilidade econômica dos segmentos produtivos. Por isso,
devemos buscar o fortalecimento das negociações coletivas.
Associação
Comercial de São Paulo - "A Associação Comercial de São Paulo entende que
é um retrocesso e teremos um problema muito sério. Por duas razões: a primeira
é porque pode colocar em risco o emprego do funcionário, já que ao adotá-la a
empresa terá um custo maior e vai precisar modificar seu custeio de uma maneira
geral. Por outro lado, se a empresa aceitar esse custo adicional que o
empresário vai carregar, isso será necessariamente repassado ao preço do
produto final. Imagine um funcionário comprando um quilo de arroz, com esse
custo adicional, o que era dez será 12. Ao final, quem pagará a conta será o
próprio trabalhador. É um momento para se esquecer um projeto desta
natureza". (JB/Ag. Brasil)
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