Orientada
a procurar a emergência, o diagnóstico finalmente veio: câncer de pulmão.
Detalhe: Claudete nunca fumou na vida.
Quando
a médica da emergência falou, a gente ainda não sabia onde era o câncer. Ela
não especificou. Mas a palavra câncer era muito assustadora. Ainda é muito
assustadora. Me desesperei, lembra.
Claudete precisou ficar internada, passou por biópsia, encontrou um bom oncologista e deu início ao tratamento com o medicamento Tagrisso 80mg, coberto pelo plano de saúde. Atualmente, o quadro é considerado sob controle. Sempre me alimentei bem, fazia algumas atividades físicas. Não sou exemplo ou modelo de alimentação perfeita nem de atividade física perfeita. Mas sempre tive boa saúde.
É difícil ouvir que você tem uma doença tão fatal, fatídica, que tem uma denominação tão estranha quando você ouve pra si", lembrou ela.
"É
importante que a pessoa tenha muita clareza de que ela tem condições de
sobreviver e tem que procurar bons apoios, inclusive do ponto de vista médico.
Entender que um bom médico é aquele que te olha, te vê, te busca, te trata, te
acompanha. É difícil achar médico assim. Outra coisa: psicólogo. A cabeça fica
mal. Me sentia muito culpada, muito triste. E procurar as pessoas que realmente
importam na sua vida. Minha família me apoiou muito. Isso foi fundamental,
acrescentou.
Em
entrevista à Agência Brasil, o oncologista e médico pesquisador no Instituto
Nacional do Câncer (Inca), Luiz Henrique Araújo, alertou que, atualmente, 15%
dos casos de câncer de pulmão são diagnosticados em pessoas como Claudete, que
nunca fumaram.
O
fato é que o tabagismo vem reduzindo, o consumo de tabaco vem reduzindo no
mundo e no Brasil. Isso tem causado uma redução na mortalidade por câncer,
inclusive câncer de pulmão. A preocupação agora começa a ser o câncer de pulmão
em não fumantes.
Segundo
Araújo, se considerada uma enfermidade a parte, o câncer de pulmão em não
fumantes figura atualmente como a sétima maior causa de morte por câncer no
mundo, perdendo para o câncer de pulmão em fumantes, de estômago, colorretal,
de fígado, de mama e de esôfago.
As
causas disso são pouco esclarecidas. Recentemente, a gente teve documentações
mais formais sobre a relação da exposição ambiental à poluição e suas
partículas associada ao surgimento de câncer de pulmão especificamente em não
fumantes. A poluição tem sido colocada como a segunda principal causa de câncer
de pulmão. Outras são o tabagismo de segunda mão ou tabagismo passivo.
O
oncologista destaca que o câncer de pulmão em fumantes acaba vislumbrando uma
possibilidade de diagnóstico mais precoce, sobretudo em razão do rastreamento
preventivo feito por meio de tomografia de tórax anual a partir dos 50 anos.
E
não fumantes, o índice de suspeição é muito baixo. Um paciente mais jovem, que
não fuma, raramente vai pensar, nem ele nem o médico, na possibilidade de
câncer de pulmão. Isso acaba levando a diagnósticos mais tardios, disse.
Esses
casos têm que ser examinados por testes moleculares com sequenciamento
genético, que indicam qual vai ser o sobrenome do câncer de pulmão no não
fumante. A gente vai procurar mutações genéticas adquiridas, não familiares.
São algumas centenas de genes que vão ajudar a guiar qual a escolha do
tratamento, uma terapia inteligente, frequentemente usando comprimidos ao invés
de quimioterapia oral", completou.
Agosto Branco
Estamos
no Agosto Branco, mês de conscientização sobre o câncer de pulmão. Araújo
explicou que a ideia é aumentar a conscientização sobre a doença em não
fumantes.
"Cerca
de 15% dos casos de câncer de pulmão acontecem em pessoas que nunca fumaram.
Também precisamos esclarecer sobre a importância de procurar um médico em casos
de sintomas respiratórios que não estão melhorando. Diagnóstico precoce e um
time multidisciplinar, incluindo pneumologista, cirurgião, oncologista e
outros, são essenciais. (JB/Ag. Brasil)
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