Mãos ao Alto!
Certa vez, num bairro de Sobral, surpreso assisti a uma cena protagonizada por três garotos de aproximadamente sete anos. Eles brincavam de polícia e bandido, mas não tão tranquilamente como merecem.
Simulavam uma abordagem: Um recostado à parede e com as mãos para cima; outro fazendo busca de armas e mais alguma coisa, ou seja, “caqueando”, como se dizia antigamente. E tudo isso sob o olhar atento de um terceiro menino. Esse, por sua vez, dava apoio àquela operação com um revólver imaginário, já que armas de brinquedo hoje são proibidas. Para tanto, usava os pequenos dedos apontador e médio esticados, além do polegar, anelar e mindinho recolhidos.
Aquilo me fez retornar imediatamente ao final da década de 1960, quando eu e outros da minha idade brincávamos despretensiosamente de “manzualto” (mãos ao alto), com revolverzinho de plástico ou madeira. Isso naquela pacata Sobral, na Rua Cel. Diogo Gomes, perto do Mercado Público, onde nasci e vi até meus 12 anos.
Mas como o progresso também nos impõe muitas coisas desagradáveis, infelizmente tenho de reconhecer que aquela rua está praticamente inabitável. Meninos brincando naquelas mesmas calçadas? Só mesmo na nossa lembrança. Aquilo que era uma ingênua brincadeira hoje é visualizada como cena real. E não apenas na Diogo Gomes, mas em quase toda extensão da cidade.
Detalhe: agora isso ocorre com muita frequência, protagonizada por polícia e bandido de verdade e com todos os seus desdobramentos.
A diferença entre essas duas épocas é que, naquele tempo, inspirado pelos ingênuos filmes, todo menino queria ser o artista (o policial), papel que se poderia inverter no outro dia, sem nenhum problema. Terminada a brincadeira, até bandido saía são, salvo e sem nada de ruim impregnado na mente, porque a mensagem que prevalecia era a do lar - a dos pais. Quase sempre havia acompanhamento, fiscalização e repreensão, quando necessário. A criança voltava para casa saciada de lazer, apesar de suada e imunda para desespero das mães, que já sofriam com a escassez de água.
Já a meninada de hoje, além da maléfica inspiração dos filmes, desenhos animados e novelas atuais, encontra inspiração mais forte ainda na realidade do quotidiano, muitas vezes dentro do próprio lar. O desencaminhamento tem várias origens, começando pela desobediência às leis de Deus, ausência dos pais e de paz nos lares, presença irresponsável deles (pais marginais), más companhias e também falta de mais ação do Estado. E nem adianta tentar escolher o papel (polícia ou bandido) porque hoje, não sendo mais uma brincadeirinha, todos estão fadados a terminar mal. Em muitos casos, nem há retorno com vida para casa, para desespero dos pais ou de alguns filhos (filhos de policiais.
Não obstante o problema ter raízes profundas, inegavelmente há muito tempo a situação exige urgentes providências - algumas já sendo adotadas; outras, não. Dentre essas, podemos citar: aumento de contingente; ocupação de locais suspeitos; blitze constantes; rigorosa averiguação sobre a origem de tanta arma e droga; prisão dos repassadores; explicação sobre o destino do material apreendido; barramento do trabalho de advogados de porta de delegacias, dentre outras. E, é óbvio, difundir-se mais o ensino da cultura da não violência desde a mais tenra idade no lar e na escola.
Isso seria o mínimo a fazer enquanto não ocorre uma radical mudança na legislação, com a implantação de séria política de recuperação e ressocialização de condenados da justiça. Especialmente menores infratores que cometem delitos cientes da impunidade.
Sem isso, a população permanecerá prejudicada pela condescendência das leis com infratores; os criminosos continuarão sem receber a devida punição e continuará sendo impossível a reinserção desses homens e mulheres na sociedade. Continuar como está é enxugar gelo.
Assim, por não mais acreditarem em quem têm o poder e o dever legal de adotar as providências cabíveis (o Estado) é que milhões de pessoas estão preferindo optar e difundir a abominável lei de talião - “olho por olho, dente por dente”. A quem defendem esse tipo de revide a atos de violência, relembro Mahatma Gandhi, que pregava: “Olho por olho, e o mundo acabará cego”.
Quanto àqueles três garotos citados no início, sem dúvida eles deram uma sacudida, sim, no baú da minha memória. Fizeram-me imediatamente lembrar do inesquecível “manzualto” e levantar essa reflexão.
Torço, portanto, para que no futuro essas e as demais crianças também venham a sentir a gostosa saudade desses momentos felizes da vida. E apesar de estarmos vivendo dias difíceis, que cada cumpra seu papel de autêntico cidadão, busque a ajuda de Deus e a Ele entregue o restante, pois para Ele nada é impossível.
Portanto, “Mãos ao
Alto!”
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Abrindo a boca
Para também cumprimentar e parabenizar neste sábado (25) os valorosos odontólogos. No dia 25.10.1884 foi assinado o decreto 9.311, que criou os primeiros cursos de graduação de Odontologia do Brasil no Rio de Janeiro e na Bahia. A Lei nº 3.504, de 24.12.1958, instituiu o "Dia Nacional da Saúde Dentária" e “Dia do Dentista Brasileiro”. Já o Dia Mundial do Dentista é comemorado em 3 de outubro.
Visconde de Saboia
Dr. Vicente Cândido Figueira de Saboia (Sobral-CE, 13.04.1836 - Petrópolis-RJ, 18.03.1909) destacou-se na implantação da Odontologia no País. Médico (obstetra) da Corte, Diretor, Professor, Implantador de Cursos e Reformador da Universidade do Rio de Janeiro, Visconde de Saboia também escreveu obras ligadas à Medicina e à Filosofia. Uma delas, da área médica, escrita em francês e com mais de 600 páginas, tornou-se livro didático da Faculdade de Montpellier, na França, por muitos anos.
Viva a Democracia!
Neste sábado (25) também é celebrado o Dia Nacional da Democracia, homenagem à data da morte de Vladimir Herzog (Vlado Herzog), nascido no Reino da Iugoslávia, em 27.06.1937, e morto em São Paulo (SP), em 25.10.1975. Jornalista, professor e dramaturgo, Herzog foi eliminado durante uma sessão de torturas na época da ditadura, no prédio então utilizado pelo DOI-CODI (Destacamento de Operações Internas - Comando Operacional de Informações) do II Exército, em São Paulo (SP).
“Democradura”
Trata-se do regime político amplamente pregado pelo novelista Alfredo de Freitas Dias Gomes (1922-1999), em “O Bem Amado”. O ator Paulo Gracindo (1911-1995), como o inesquecível “Odorico Paraguaçu” explica melhor: “Democradura é o regime que faz a conjuminância das merecendências da democracia com os talqualmentes da ditadura. Pois se na democracia o povo escolhe a gente, na democradura a gente escolhe o povo que vai escolher a gente”.
Domingo na Educadora (www.radioeducadora950.com.br)
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