

O documento traz dados educacionais como desempenho dos estudantes, taxas
de matrícula e organização dos sistemas educacionais dos 38 países-membros da
organização, além de Argentina, Bulgária, China, Croácia, Índia, Indonésia,
Peru, Romênia, Arábia Saudita, África do Sul e Brasil – que é parceiro-chave da
OCDE.
Neste ano, o
relatório tem como foco principal o ensino superior. Os dados mostram que
brasileiros de 25 a 64 anos que concluem o ensino superior ganham, em média,
148% a mais do que aqueles que têm ensino médio. Essa diferença é maior do
que a média dos países da OCDE, que é de um salário médio 54% maior.
O Brasil fica atrás apenas da Colômbia, onde concluir o ensino superior
proporciona, em média, um salário 150% maior do que ter apenas o ensino médio,
e África do Sul, onde esse percentual é 251%.
Mas, essa etapa
de ensino não chega a todos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), apenas um a cada cinco, ou seja, 20,5% dos brasileiros de
25 anos ou mais têm ensino superior, conforme dados de 2024.
O relatório da OCDE traz outra preocupação. Quase um quarto (24%) dos
jovens de 18 a 24 anos no Brasil, não estão empregados nem em educação ou
treinamento (NEET na sigla em inglês). Essa taxa é maior que a média da OCDE,
de 14%. Além disso, há uma diferença entre homens e mulheres, com 29% das
mulheres e 19% dos homens sendo NEET em 2024 no Brasil. As taxas de NEET
para homens e mulheres tendem a ser semelhantes na maioria dos outros países da
organização.
Abandono dos estudos
Entre aqueles
que entram no ensino superior, no Brasil, 25% abandonam os estudos após o
primeiro ano do bacharelado. Entre os países da OCDE, a média é 13%. Mesmo após
três anos do fim do período esperado para a conclusão do curso, menos da
metade, 49%, dos ingressantes conclui os estudos. Entre os países da OCDE, essa
média é 70%.
Diante desse cenário, no Brasil, apenas 24% de todos os jovens de 25 a 34
anos de fato concluem o ensino superior, o que representa pouco menos da metade
da média da OCDE de 49%.
Segundo o
relatório, as altas taxas de evasão no primeiro ano “podem sinalizar um
descompasso entre as expectativas dos alunos e o conteúdo ou as exigências de
seus programas, possivelmente refletindo a falta de orientação profissional
para futuros alunos ou apoio insuficiente para novos ingressantes”, diz o
texto.
O relatório mostra ainda que, em todos os países, as mulheres que iniciam
o bacharelado têm maior probabilidade do que os homens de concluir os estudos
ou no tempo esperado ou em até três anos após esse período. No Brasil, a diferença de gênero é de
9 pontos percentuais, 53% para mulheres em comparação com 43% para homens. Essa
diferença é menor do que a média da OCDE, de 12 pontos percentuais.
Estudar em outros países
Segundo o EaG,
entre os países da OCDE, a mobilidade internacional de estudantes no ensino
superior aumentou. Em média, 6% de todos os estudantes do ensino superior na
OCDE eram estudantes internacionais ou estrangeiros em 2018. Esse percentual
passou para 7,4% em 2023. O Brasil foi um dos poucos países sem aumento, com a
proporção permanecendo constante em apenas 0,2%.
Investimentos
Em relação aos
investimentos do país em ensino superior, no Brasil os gastos
governamentais chegam a US$ 3.765 por aluno, em valores de 2022, o que
equivale a cerca de R$ 20 mil. Já a média da OCDE é de US$ 15.102, ou cerca de
R$ 80 mil. Embora, em valores, o investimento seja inferior, quando comparado
ao Produto Interno Bruto (PIB) – que é a soma de todas as riquezas produzidas
pelo país -, o investimento governamental no Brasil é semelhante ao da média da
OCDE, 0,9% do PIB- Produto Interno Bruto - no ensino superior, incluindo os
investimentos em pesquisa e inovação.
Para a OCDE, é preciso melhorar os indicadores não apenas no Brasil, mas
em todo o conjunto de países, para que tanto a formação seja melhor, quanto
para que os investimentos tenham mais retorno. Na publicação, o secretário-geral
da OCDE, Mathias Cormann, diz que as baixas taxas de conclusão do ensino
superior são "desafio que prejudica o retorno do investimento público,
agrava a escassez de competências e limita o acesso a oportunidades”.
Entre as ações
possíveis destacadas por ele estão o fortalecimento da preparação acadêmica e
da orientação profissional no ensino médio, bem como a concepção de programas
de ensino superior com sequências de cursos claramente definidas e medidas de
apoio para aqueles em risco de atraso.
“Também são necessárias opções de ensino superior mais
inclusivas e flexíveis. Estas devem incluir programas personalizados para
estudantes do ensino profissional, processos de admissão que reconheçam melhor
os diversos perfis de alunos e ofertas mais curtas e direcionadas”, defende.
A OCDE também chama a atenção para a qualidade dos cursos de ensino superior. Outra pesquisa conduzida pela organização mostra que mesmo entre aqueles com diploma, há dificuldades até mesmo para ler textos complexos. A Pesquisa de Competências de Adultos 2023 mostra que nos 29 países e economias da OCDE participantes, em média 13% dos adultos com ensino superior não atingiram sequer o nível básico de proficiência em alfabetização, o que significa que conseguiam compreender apenas textos curtos sobre temas familiares.
“Isso ilustra a necessidade de os países expandirem o acesso ao ensino superior e aumentarem a qualidade e a relevância da educação oferecida”, diz Cormann.
(Ag. Brasil)
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