O encontro, que reforça o diálogo entre a Igreja
Católica e os movimentos, antecede o Jubileu dos Movimentos Populares, que
ocorrerá nos dias 25 e 26 e incluirá uma missa na Praça de São Pedro. A
iniciativa dá continuidade ao processo iniciado pelo Papa Francisco em 2014,
quando o Vaticano passou a fortalecer seus laços com organizações que lutam por
direitos humanos, justiça social e sustentabilidade.
O MST foi representado pela dirigente Ayala
Ferreira, que entregou ao papa uma imagem de Ossanha feito com as miçangas do
candomblé, por Wilton Gurgel, oficineiro do Centro Nacional de Africanidade e
Resistência Afro-Brasileira (CENARAB).
Além do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra, o Brasil estará representado por
outras organizações populares, como o MTST
(Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), o MNCR (Movimento Nacional
dos Catadores de Materiais Recicláveis) e o CENARAB (Centro Nacional de
Africanidade e Resistência Afro-Brasileira)
Durante a audiência, o pontífice ressaltou a
importância dos grupos populares como “construtores de solidariedade na
diversidade”, afirmando que a Igreja deve estar junto deles. “A Igreja deve
estar com vocês: uma Igreja pobre para os pobres, uma Igreja que se inclina,
que assume riscos, que é valente, profética e alegre.”
O papa também alertou para os desafios globais
diante das desigualdades e das crises econômicas. Segundo ele, o processo de
globalização “oferece a possibilidade de uma grande distribuição da riqueza em
escala planetária como nunca se viu antes. Mas, se for mal administrado, pode
aumentar a pobreza e a desigualdade, além de contagiar o mundo inteiro com uma
crise”, alertou.
Em tom político, Leão 14 enfatizou o papel das
organizações sociais na promoção da justiça e da paz. “Hoje devemos acompanhar
os movimentos populares. Isso significa acompanhar a humanidade, caminhar junto
com o respeito compartilhado pela dignidade humana e com o desejo comum de
justiça, amor e paz. A Igreja apoia as lutas justas pela terra, o teto e o
trabalho.”
O líder religioso concluiu seu discurso destacando
a força transformadora dos movimentos de base. “Os movimentos populares cobrem
o vazio gerado pela falta de amor, com o grande milagre da solidariedade
baseada no cuidado com o próximo e na reconciliação. Suas ações locais e
criativas podem se transformar em novas políticas públicas e direitos sociais.
Sua busca é legítima e necessária.”
Com a presença de delegações de todos os
continentes, o Encontro Mundial de Movimentos Populares reforça a disposição do
Vaticano em manter o diálogo aberto com as lutas pela terra e a convicção de
que a fé e a justiça caminham lado a lado. Em nota, o MST considerou o encontro
“um chamado para que os movimentos continuem caminhando junto à Igreja na
construção de um mundo mais fraterno”.
(Brasil
de Fato)

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